Então é assim... Eu
preciso me comportar!
Dormir no quarto cujo
meu pai quebrou a porta para que eu não me deite com nenhum homem. Tornar-me
lúcido para convencer minha mãe de que não estou ingerindo bebidas alcoólicas.
Deixar os comprimidos,
não deslizar nenhuma lâmina sobre o pulso e passar o fim de semana trancado
dentro de casa.
Quer dizer... Minha
família se sentiria bem se eu estivesse são e salvo. Ou melhor, se eu estivesse
preso, assistindo novelas e noticiários.
Mas eu me recuso sabe?
Porque eu acho tudo isso
uma grande piada. Porque eu sei que meu pai enche a cara quando quer. Que meu
irmão mais velho vende cocaína quando quer. Que minha mãe viaja e flerta com
outros homens, quando quer!
E eu aqui? Só posso
ficar na frente deste computador, digitando minhas desgraças e ouvindo músicas
até que certo filho da mãe apareça, me obrigando a desligar.
- Me deixa ver televisão
... eu trabalhei o dia inteiro... tenha dó da sua mãe... lave aquela loucinha
Gabriel ... me ajude a dar comida para os pintinhos ... arrume meu quarto ...
dê uma varridinha na casa ... busque a lenha que eu deixei na garagem ... pare
de dormir até o meio dia ... crie juízo ... deixa de ser vagabundo ...
Para ser sincero eu
durmo até as três da tarde tá? E quem não tem juízo aqui é você, que se afoga
num copo de pinga quase que a semana inteira e deixa as contas sem pagar. Você
que compra motores usando o nome da minha mãe, não paga uma mísera prestação e
ainda vende a peça por menos da metade do preço.
Sinceramente eu não
esperava por isso, ser punido assim.
Desmarcaram a visita do
técnico que viria instalar a antena de internet não é? Porque me dopei no
domingo passado ou porque acham que vou gastar energia elétrica demais?
O que quer que seja meus
queridos... acho que o centro Kardecista que visitei em São José dos Campos
teve toda razão. Vocês não passam de uma família preconceituosa que finge
aceitar o tipo de pessoa que sou. Porque vocês me amam não é mesmo? Amam o lado
que esconde minha homossexualidade, isso sim...
Mas esperem só... Vou
conquistar independência para que vocês engulam essa língua de vocês. Essa
língua que insiste em dizer que não passo de um vagabundo.
Olhem bem meus oitenta e
oito (88) textos ... Meus três livros ainda em edição (um deles com 89 páginas
revisadas) e meus trinta e oito (38) poemas...
Vagabundos fazem isso?
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