Sentado no banco da praça, uma garrafa de vodka ao lado, conversando com os amigos. Uma despedida para depois a mudança. Vou sair de Madre, levar o que tenho no coração para um lugar distante. Sem a esperança de que vou vê-lo novamente, o deserto de um outro lugar me obrigará a esquecê-lo – Eu pensava enquanto tomava um gole e ouvia Fernanda a comentar o quanto seu namoro com a outra Fernanda andava bem.
Eu estava ali com meus amigos, de fato, tomando aquela amarga bebida e conversando sobre coisas sem nenhum proveito. Mas a medida que o efeito alcoólico surtia, meus pensamentos me afastavam cada vez mais dali.
Onde ele estaria agora? Acho que poderíamos ter terminado de uma forma mais honesta. Ele foi embora sem se explicar, sem dizer o que estava sentindo no exato momento. Sem ao menos justificar os motivos que o levavam a se afastar de mim, ele se fechou na tentativa de uma vida aceitável. Desejou viver uma mentira ou realmente não me possuía mais em seus planos?
A saturada dúvida permeava meu coração e com a cabeça rodada de álcool meus olhos se direcionaram a uma visão inesperada. Estacionou a moto bem diante de mim e quando tirou o capacete, mal pude acreditar. Estou tendo alucinações, pensei comigo mesmo, mas quando ele estendeu sua mão para me cumprimentar a verdade me convenceu.
Era ele mesmo, o menino que despedaçou meu coração. O que ele estava fazendo ali?
- E as novidades? – A primeira pergunta exalou-se de seus lábios.
- Estou indo embora – respondi para saber o que o trouxe até mim.
- Vai me deixar? – Me surpreendeu, quando antes pensava que temia se expressar, muito mais em público, dessa vez.
Meus amigos me olharam. Um breve silêncio se fechou na roda, a compreensão da parte daqueles que me conheciam abriu a desculpa – vamos andar um pouco. Fizeram para nos deixar em particular.
- Que diferença isso faz, quando você já me deixou a muito tempo? – Meus olhos não o encaravam, com o copo nas mãos eu tentava ser frio, enquanto o coração explodia em chamas, disposto a me convencer de mudar toda minha vida naquele momento.
- Mas eu te amo, Gabriel – não era seu direito dizer essas palavras, depois de tudo o que já havia passado, mas mesmo assim ele ousou a pronunciar.
- Eu ainda te amo também. Você pode saber. Nunca escondi de você os meus sentimentos. Quando tentava assumir-nos, você se fechava no medo. Passei meses vendo você tentando provar para todos o quanto gostava das mulheres. Eu me senti magoado por todo este tempo e agora que estou disposto a acabar com essa dor, você vem para apertá-la contra meu peito novamente?
Ele olhou para os lados e percebeu que não conseguiria me convencer. Meninas com roupas curtas passavam frente a nós. Garotos jogavam futebol no gramado ao lado direito. Adolescentes bebiam frente ao carro que tocava funk, a esquerda. Nada parecia um ambiente para aquela conversa um tanto quanto gay. Ele apenas coçou a cabeça surpreso. Certamente pensava que eu me comportaria como o mesmo cachorrinho que antes o lambia os dedos e o seguia, sempre que me chamava e mostrava um pedacinho de carne (sua carne).
- Olha, não tem ninguém em casa. Suba na moto comigo, vamos conversar no meu quarto, só isso, eu te peço. – seus dedinhos alisavam levemente minha perna sobre a bermuda de tectel enquanto as palavras quase me faziam perder o controle.
- Tire... seus... dedos... de... cima... da... minha... perna – soletrei, com a voz baixa.
Mais uma tentativa se encontrou com o fracasso. Fingi então que ele não estava ali. Mesmo sabendo que estava sendo rejeitado, não desistiu. Diante da indireta que deveria fazê-lo se levantar, montar em sua moto e sumir dali, ele continuou, dessa vez se calando e esperando que eu dissesse alguma coisa.
- Você quer conversar, em seu quarto? Pensei que o que fazia em seu quarto era apenas me comer. Então preste bastante atenção. Dessa vez não vou me entregar, pois sei que todas as suas aproximações não passam de uma forma de me convencer a lhe permitir se aventurar. Eu ainda te amo, mas não quero mais. Vou embora amanhã, vou te esquecer, pois tudo o que tenho feito ultimamente foi pensar em você e me torturar com isso. Vou acreditar que tudo aquilo que dizia diante de seus amiguinhos estúpidos foi a pura verdade. Então saia de perto de mim, pois não sou nenhum brinquedinho de um certo homem que gosta de mulheres e em particular gosta de mim. eu não quero mais, você me ama? Tarde demais, deveria ter dito isso quando eu ainda estava disposto a lutar por você – acabei então com qualquer possibilidade.
- Lutar por você? De quem você está falando Gabriel? Mal começou a beber e já está viajando?
A cena mudou completamente, ele não estava lá. Tinha vivido aquela noite em minha mente, adiantadamente. Vi que Fernanda ainda estava abrindo a vodka. Tudo aquilo se acontecesse, aconteceria depois de alguns goles.
- Não vou beber, afinal, já sei o que vai acontecer – me levantei e fui embora, deixando todos os meus amigos sem saber o que se passava.
Ninguém entendeu nada, mas no dia seguinte Fernanda foi a meu encontro.
- Um menino de moto procurava por você. Ele chegou minutos depois que começamos a beber. Eu disse a ele que você foi embora, então ele partiu.
- Por isso mesmo fui embora... Fui embora antes que ele pudesse me encontrar.
O amor ás vezes faz suas previsões...
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Eu estava ali com meus amigos, de fato, tomando aquela amarga bebida e conversando sobre coisas sem nenhum proveito. Mas a medida que o efeito alcoólico surtia, meus pensamentos me afastavam cada vez mais dali.
Onde ele estaria agora? Acho que poderíamos ter terminado de uma forma mais honesta. Ele foi embora sem se explicar, sem dizer o que estava sentindo no exato momento. Sem ao menos justificar os motivos que o levavam a se afastar de mim, ele se fechou na tentativa de uma vida aceitável. Desejou viver uma mentira ou realmente não me possuía mais em seus planos?
A saturada dúvida permeava meu coração e com a cabeça rodada de álcool meus olhos se direcionaram a uma visão inesperada. Estacionou a moto bem diante de mim e quando tirou o capacete, mal pude acreditar. Estou tendo alucinações, pensei comigo mesmo, mas quando ele estendeu sua mão para me cumprimentar a verdade me convenceu.
Era ele mesmo, o menino que despedaçou meu coração. O que ele estava fazendo ali?
- E as novidades? – A primeira pergunta exalou-se de seus lábios.
- Estou indo embora – respondi para saber o que o trouxe até mim.
- Vai me deixar? – Me surpreendeu, quando antes pensava que temia se expressar, muito mais em público, dessa vez.
Meus amigos me olharam. Um breve silêncio se fechou na roda, a compreensão da parte daqueles que me conheciam abriu a desculpa – vamos andar um pouco. Fizeram para nos deixar em particular.
- Que diferença isso faz, quando você já me deixou a muito tempo? – Meus olhos não o encaravam, com o copo nas mãos eu tentava ser frio, enquanto o coração explodia em chamas, disposto a me convencer de mudar toda minha vida naquele momento.
- Mas eu te amo, Gabriel – não era seu direito dizer essas palavras, depois de tudo o que já havia passado, mas mesmo assim ele ousou a pronunciar.
- Eu ainda te amo também. Você pode saber. Nunca escondi de você os meus sentimentos. Quando tentava assumir-nos, você se fechava no medo. Passei meses vendo você tentando provar para todos o quanto gostava das mulheres. Eu me senti magoado por todo este tempo e agora que estou disposto a acabar com essa dor, você vem para apertá-la contra meu peito novamente?
Ele olhou para os lados e percebeu que não conseguiria me convencer. Meninas com roupas curtas passavam frente a nós. Garotos jogavam futebol no gramado ao lado direito. Adolescentes bebiam frente ao carro que tocava funk, a esquerda. Nada parecia um ambiente para aquela conversa um tanto quanto gay. Ele apenas coçou a cabeça surpreso. Certamente pensava que eu me comportaria como o mesmo cachorrinho que antes o lambia os dedos e o seguia, sempre que me chamava e mostrava um pedacinho de carne (sua carne).
- Olha, não tem ninguém em casa. Suba na moto comigo, vamos conversar no meu quarto, só isso, eu te peço. – seus dedinhos alisavam levemente minha perna sobre a bermuda de tectel enquanto as palavras quase me faziam perder o controle.
- Tire... seus... dedos... de... cima... da... minha... perna – soletrei, com a voz baixa.
Mais uma tentativa se encontrou com o fracasso. Fingi então que ele não estava ali. Mesmo sabendo que estava sendo rejeitado, não desistiu. Diante da indireta que deveria fazê-lo se levantar, montar em sua moto e sumir dali, ele continuou, dessa vez se calando e esperando que eu dissesse alguma coisa.
- Você quer conversar, em seu quarto? Pensei que o que fazia em seu quarto era apenas me comer. Então preste bastante atenção. Dessa vez não vou me entregar, pois sei que todas as suas aproximações não passam de uma forma de me convencer a lhe permitir se aventurar. Eu ainda te amo, mas não quero mais. Vou embora amanhã, vou te esquecer, pois tudo o que tenho feito ultimamente foi pensar em você e me torturar com isso. Vou acreditar que tudo aquilo que dizia diante de seus amiguinhos estúpidos foi a pura verdade. Então saia de perto de mim, pois não sou nenhum brinquedinho de um certo homem que gosta de mulheres e em particular gosta de mim. eu não quero mais, você me ama? Tarde demais, deveria ter dito isso quando eu ainda estava disposto a lutar por você – acabei então com qualquer possibilidade.
- Lutar por você? De quem você está falando Gabriel? Mal começou a beber e já está viajando?
A cena mudou completamente, ele não estava lá. Tinha vivido aquela noite em minha mente, adiantadamente. Vi que Fernanda ainda estava abrindo a vodka. Tudo aquilo se acontecesse, aconteceria depois de alguns goles.
- Não vou beber, afinal, já sei o que vai acontecer – me levantei e fui embora, deixando todos os meus amigos sem saber o que se passava.
Ninguém entendeu nada, mas no dia seguinte Fernanda foi a meu encontro.
- Um menino de moto procurava por você. Ele chegou minutos depois que começamos a beber. Eu disse a ele que você foi embora, então ele partiu.
- Por isso mesmo fui embora... Fui embora antes que ele pudesse me encontrar.
O amor ás vezes faz suas previsões...