Antigamente, quando eu era hétero ainda, não sabia nada a respeito do mundo gay. Eu olhava para os garotos sem segundas intenções e para mim todos eles eram “homens”.
Não sabia diferenciar um gay de um hétero e nem ao menos sabia o que era a homossexualidade. Para mim, os gays eram aqueles meninos que se vestiam de mulher e se caracterizavam, e as lésbicas, aquelas que se vestiam de homem e se comportavam como um.
Como eu era leigo não é mesmo?
Mas com o passar do tempo fui prestando mais atenção nas coisas, comecei a reparar em meus amigos, começou com pequenos detalhes e depois, entre os meus 17 e 18 anos comecei a imaginar como eles eram por trás das roupas que eles usavam.
Mas é claro que isto era uma coisa que eu tive que esconder, afinal, não é nada fácil desabafar este tipo de assunto a alguém. Só de saber que eles poderiam me comparar a um daqueles meninos/mulher me subia um frio pela barriga, era um medo do caramba.
É, mas as coisas nunca ficam paradas por muito tempo, tudo tem que evoluir, e um dia eu descobri que eu também estava precisando mudar de cena.
Fui alimentando este desejo até que um dia fiquei com meu primeiro garoto, aos 18 anos.
No início me senti mal e humilhado, não queria que ninguém descobrisse e passei a pintar uma fachada. Então, com o passar do tempo fui me mostrando cada vez mais até que assumi ser bissexual, o que não durou muito tempo, é claro. Hoje sei muito bem o que quero, e luto por isso, luto pelos meus direitos e pelo meu merecido respeito.
Pois digo, sexualidade flui.
Alguém já ouviu falar do gaydar?
É isso mesmo, nós homossexuais conhecemos também os outros. Podem ser eles masculinos femininos, travestis e até mesmo aqueles que se comportam como machões ou feministazinhas para se disfarçar.
Hoje em dia consigo identificar um gay de um hétero, sei daqueles que podem ser gay no futuro e daqueles que ainda estão começando a pensar em ser, consigo até mesmo sentir o medo deles.
Sabe por quê?
Porque sexualidade flui e todos seguem o fluxo.